domingo, 28 de abril de 2013

MAZZAROPI


MAZZAROPI
Nosso proprio gênio, autentico, unico...perpetuo.


 Prof. Olga Rodrigues Nunes de Souza


     1890, João Jose Ferreira e Maria Pitta Ferreira nascidos em Ponta do Sol, Portugal, chega, a Taubaté e vão morar numa chácara de onde tiram o seu sustento cultivando hortaliças. Ali nascem Clara em 12 de Agosto de 1892 e seus seis irmãos.
     Nos 1900, os Mazzaropi chegam ao Brasil: Amazio e Ana e seus filhos Domingos e Bernardo. Nascidos em Nápoles, Itália, começam a trabalhar na agricultura em Dourados SP e depois no Paraná.
     1910, Clara Ferreira e Bernardo Mazzaropi já casados, moram em São Paulo, no bairro de Santa Cecília. Ela, empregada domestica, e ele, motorista de automóvel de aluguel.
     1912, na pequena casa, nasce Amacio Mazzaropi, no dia 9 de abril.
     1914, a falta de dinheiro e o espírito inquieto do pai, levam a família Mazzaropi de volta para Taubaté, onde Bernardo vai trabalhar como operário têxtil na Companhia Taubaté Industrial – CTI.
     1916, Clara torna-se tecelã da CTI e o pequeno Amacio fica uma temporada na casa dos avos maternos na cidade de Tremembé SP. João Jose Ferreira, o avô português, exímio tocador de viola, bom dançarino de cana-verde e animador famoso das festas do bairro rural, leva sempre com ele os netos Amacio e Vitório Lazzaini.
     1918, é inaugurada a Estação Central do Brasil em Tremembé e o avô apresenta com sua violinha. Amacio, aos 6 anos de idade, assiste embevecido.
     1919, Bernardo não suporta a monotonia do trabalho na fabrica e decide voltar com a família para São Paulo. Mazzaropi ingressa no Grupo escolar do Largo de são Jose do Belém. Bom aluno tinha incrível facilidade para decorar poesias e logo vira o centro das atenções nas festas da escola como declamador-mor.
     1922, com a morte do avô e a dureza de sempre, os Mazzaropi voltam mais uma vez para Taubaté. Clara e Bernardo retomam o trabalho na CTI e abrem um botequim na residência da rua América, onde a família se reveza no atendimento aos fregueses. Amacio é matriculado no Ginásio Washington Luis. Em casa, estuda e decora textos do livro Lira Teatral. No monologo Chico, imita um tipo de caipira que agrada em cheio numa festa da escola.
     Freqüenta os circos que passam pela cidade e não esconde sua vontade de se tornar ator circense. Os pais, contrários a idéia, o mandam para a casa do tio Domingos Mazzaropi em Curitiba. O objetivo é distancia-lo da ‘perdição’ dos palcos dos circos. Trabalha como caixeiro da loja de casimira da família, na rua XV de Novembro.
     1926, aos 14 anos retorna a São Paulo com o mesmo sonho de atuar no circo. Conhece o famoso Ferry, faquir do circo Lá Paz, e, para desespero dos pais, começa a viajar com eles. Nos intervalos das exibições do faquir, Amacio conta piadas e ganha por isso, um mirrado salário. Ferry consegue para ele um documento que transforma seus 14 anos em 19. Agora ele podia constar as piadas picantes que o povo gostava.
     1929, sem dinheiro, deixa o circo e volta para a casa dos pais em Taubaté. Tornara tecelão da Companhia Taubaté industrial, com um salário de 4.720 réis.
     1931, de novo a fazer teatro, agora com ator e diretor no salão Externato Sagrado Coração de Maria, do Convento de santa clara, em Taubaté.
     1932, eclode a revolução Constitucionalista. Em Taubaté, o Movimento de Arrecadação de Fundos para Donativos aos Soldados da Lei organiza, em conjunto com a radio Record de São Paulo, espetáculos com os maestros Martinez Grau, Fêgo Camargo, o folclorista Capitão Comélio Pires e outros, num projeto denominado Theatro ao Soldado.
     A efervescência cultural de 32 anima Mazzaropi e ele estréia na Troupe Carrara, no cinema Theatro Polytheama, em Taubaté, no papel de Eugenio Carvalho, na comedia Herança do Padre João, de Baptista Machado.
     1934, em 18 de março, estréia no cine Tremembé a troupe Olga Crutt, uma das mais famosa, experientes e aplaudidas do interior do país. Mazzaropi ingressa na companhia. Em 30 de março, Olga Crutt troca seu nome artístico para Olga Mazzaropi. Em novembro, Amacio Mazzaropi se torna líder da nova companhia “Troupe Mazzaropi”.
     1935, Amacio convence a familia a seguir com a Troupe. Os pais, persuadidos, viram atores e ajudam na administração. Depois de uma turnê bem sucedida,resolvem montar um Pavilhão – um barracão de tabuas corridas, coberto de lona, com cadeiras e bancos de madeira para a platéia, o chamado Teatro de Emergência. Logo na estréia, em Jundiaí SP, uma tempestade acaba com a apresentação. Caíram as paredes, e junto quase vai o sonho. Só três dias depois do vendaval é que acontece a inauguração e o sucesso reanima as esperanças.
    1935/1942, a troupe Companhia Amacio Mazzaropi viaja pelo interior do estado e as apresentações são largamente concorridas, mas falta dinheiro para melhorar a companhia.
    1943, em fins de novembro, Amácio com 31 anos, recebe uma herança da avó Maria Pitta e realiza o sonho de colocar uma cobertura de Zinco em seu pavilhão para assim, poder estrear na capital.
     O Jornal de são Paulo publica a critica de Francisco Sá “O que vai pelo teatro”, onde elogia a atuação do jovem Amacio.
Terminada a temporada paulistana, o grupo viaja pelo Vale da Paraíba.
     O Pavilhão Mazzaropi reestréia em Pindamonhangaba e os soldados da FEB, aquartelados na região, tem cadeira cativa nos espetáculos.
     Bernardo adoece e as despesas com seu tratamento complicam as finanças da companhia.
     Mazzaopi é convidado para substituir Oscarito numa peça em cartaz no teatro João Caetano no Rio de janeiro. Oscarito, então o ator mais famoso do  pais, muda de idéia e Mazzaropi, sem dinheiro e decepcionado, volta para Pindamonhangaba e dissolve a companhia. Desmonta o teatro e o deixa no Pátio da Estação Ferroviária.
     Em 29 de setembro, estréia em Taubaté a companhia do consagrado ator Nino Nélio. Em Pindamonhangaba, no Basquete Clube Sociedade Esportiva Recreativa, estréia Mazzaropi. Os artistas se conhecem e resolvem fundir suas companhias.
     Em 8 de novembro, morre Bernardo Mazzaropi, aos 56 anos.
     Quatro dias depois da morte do pai, Amácio estréia ao lado de nino Mello no Teatro Oberdâ, e São Paulo. Mazzaropi é ator e diretor na peça Filho de Sapateiro, Sapateiro deve Ser. A temporada recebe sucesso de publico e critica.
     1945, no inicio do ano, Amacio retorna a Pindamonhangaba com a idéia de recuperar o pavilhão e traze-lo para São Paulo, mas fica na cidade e recomeçam as apresentações. Com vários contratempos e sem dinheiro, pede a um amigo 8 mil cruzeiros emprestado. Em pouco tempo, consegue pagar a divida e segue pára São Paulo.
     o pavilhão é instalado no bairro de Santana e a casa vive cheia. Passa a morar no Tucuruvi, de onde vira o apelido “Bernard Shaw do Tucuruvi” numa alusão cômica do famoso do ator inglês.
     Com o sucesso do pavilhão, Mazzaropi assina contrato com o Teatro Colombo onde atua por mais de um ano.
     1946, em março, Mazzaropi é convidado por Demerval Costa Lima, diretor da Radio Tupi de São Paulo, para fazer o programa Ranço Alegre. Com salário mensal de 700 cruzeiros, assina contrato de 3 meses. O programa é ao vivo todos os domingos as 19h45, no auditório da radio, no Sumaré. A produção é de Cassiano Gabus Mendes e logo alcança grande audiência. Na primeira semana, Mazzaropi recebe cerca de 2.000 cartas de fãs.
     O programa era simples, Mazzaropi contava umas piadas e, acompanhado de um sanfoneiro, cantava uma canção.
     1947, Mazzaropi vira tema de um concurso promovido pela radio: “Qual o  verdadeiro nome de Mazzaropi?”. Os jornais publicam a pergunta em cupons. A apuração é feita no cine São Francisco, no dia 12 de outubro e, em meio a uma grande festa para a entrega dos prêmios, os ganhadores assistem a apresentação do homenageado.
     As Emissoras Associadas criam o show Brigada da Alegria, com Mazzaropi, Linda batista, Henricão e Rosa Maria ( o “Barão das Cabrochas” e a “Cabrochinha do Samba”), Michel Allard, Hebe Camargo (“A Morena do Sumaré”), e excursionam por vários estados. Em Minas Gerais, Mazzaropi e Hebe fazem sucesso nas rádios Associadas de Minas, Guarani e Mineira. Os espetáculos pelo país vão criando um publico fiel que o acompanhara durante muitos anos. Em São Paulo, também é notável o seu sucesso.  Entrevistas, concursos, convites para shows de caridade, audições em clubes, boates, radio e teatros pelo interior do estado.
     No fim do ano assina contrato com a Companhia Dercy Gonçalves e atua ao lado da famosa atriz, na super revista Sabe lá o que é isso?, de Jorge Murad, Paulo Orlando e Humberto Cunha, no Cine Theatro Odeon.
     O ator Mazzaropi aos 36 anos, tem grande prestigio no teatro e na radio com os programas na tupi do Rio de Janeiro e Baré de Manaus.
     1950, em 18 de setembro, é inaugurada a primeira emissora de televisão brasileira, a TV Difusora de São Paulo, canal 3. Convidado para o show de estréia Mazzaropi torna-se o primeiro humorista na TV. Inicialmente, a semelhança da radio, apresenta-se sozinho, mas em poucos dias, a direção resolve lançar o programa Rancho Alegre com Amacio e a atriz Geny Prado. Toda 4ª feira, as 21hoo, sob a direção de Cassiano Gabus Mendes e patrocínio da Philco, o primeiro patrocinador da TV brasileira.
     1951, em 20 de janeiro, Mazzaropi é enviado para o programa inaugural da TV Tupi no rio, “o maior caipira do radio brasileiro”. Mazzaropi agrada. Sucesso estrondoso. Passa a apresentar um quadro na TV Rio toda quinta, a noite. Mazzaropi trabalha na Radio e Tv Tupi de ao Paulo e do Rio de Janeiro, alem de shows em teatros.
     1951, os diretores Abílio Pereira de Almeida e tom Payne estavam no Nick Bar, em São Paulo, quando viram Mazzaropi na TV. Resolveram chamá-lo para um teste na Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Entre muitos candidatos, Mazzaropi é o escolhido e contratado por 15 contos mensais, mais gratificação anual de 60 contos, para filmar Sai da Frente. Mazzaropi esta com 39 anos.
     1952, o filme é lançado no dia 15 de junho em 12 cinemas de São Paulo. A estréia no cinema projeta sua carreira artística. E na esteira do êxito, as Emissoras Associadas lançam o “Bernard Shaw do Tucuruvi”, na novela sertaneja O Meu Mundo É Aquele Rancho, escrito pelo radialista Teixeira Filho. Famoso, sua vida passa a ser contada em capítulos no jornal A Hora. Essas promoções e o sucesso de Sai da Frente, fazem a Companhia Vera Cruz acelerar a produção de um novo filme com Mazzaropi: Nadando em Dinheiro. Em 27 de outubro, estréia em 36 cinemas de São Paulo.
     1953, Mazzaropi faz outro filme, Candinho.
     A Vera Cruz já demonstra os primeiros sinais de problemas financeiros e atrasa a edição do filme.
    1954, o lançamento só acontece em 25 de janeiro, no Cine Ipiranga e circuito de 25 salas. A obra é uma adaptação de Candide, de Voltaire.
     A Vera cruz não vai nada bem, mas mesmo assim, Mazzaropi é um dos oito atores que a Companhia mantem contratado. Enquanto a Vera cruz afunda na crise financeira, ele se preocupa com o futuro no radio e, para surpresa geral anuncia sua saída das Emissoras Associadas indo para a radio nacional de São Paulo. O novo programa é transmitido aos sábados, as 12h30, com Mazzaropi em visitas aos clubes da cidade, onde conta piadas, canta e faz imitações. Fica no ar de 1953 a 1955.
     1955, filma A Carrocinha, numa produção da Fama Filmes e Produções Jaime Prades que, logo depois, de volta a Espanha, produz o clássico El Cid.
     1956, faz seu 5º filme, O Gato de Madame, pela Brasil Filmes. Lançado no mesmo ano, o filme marca a estréia de Odete Lara no cinema.
     Mazzaropi assina contrato com os irmãos Eurides e Eudes Ramos, da Cinelandia Filmes, do Rio de Janeiro, e Oswaldo, da Cinedistr, de São Paulo. Faz os filmes Fuzileiro do Amor e O Noivo da Girafa, o primeiro lançado em 1956 e o outro no ano seguinte.
     1958, seu 8º filme, Chico Fumaça, é produzido pela Cinedistr.
     Pronto o filme, Mazzaropi acha que chegou o momento de arriscar alto, era tudo ou nada, e resolve criar sua própria produtora, a Produções Amacio Mazzaropi (PAM Filmes). Com recursos próprios, inicia as filmagens de Chofer de Praça. Para produzir o filme, Mazzaropi vende a casa e tudo que podia para alugar os estúdios e equipamentos da Companhia Vera Cruz. Alem de produzir, Mazzaropi passa a cuidar do lançamento e distribuição de seus filmes por todo o Brasil controlando na bilheteria o resultado dos filmes. Estava com 46 anos.
    Ainda em 61, Mazzaropi adquire os 164 alqueires da Fazenda da Santa e inicia a construção do primeiro estúdio.Realiza Tristeza do Jeca, o primeiro filme colorido, em Eastmancolor, com revelação e trucagens feitas na cidade do México. Lançado em setembro o filme é um sucesso e motivo de orgulho para Mazzaropi. Pela primeira vez, um filme seu era exibido na TV, no Festival de Cinema Brasileiro da TV Excelsior, em outubro. Ainda naquele ano, roda seu 14º filme: O Vendedor de Lingüiça.
     1962, o filme estréia em 30 de abril. Este foi um ano promissor para Amacio Mazzaropi. Produz A Casinha Pequenina, completa 50 anos e é convidado para o programa Brasil 62, de Bibi Ferreira na Tv Excelsior de São Paulo.
     Tristeza do Jeca é contemplado duplamente com o premio Cidade de São Paulo, melhor ator coadjuvante para Genésio Arruda e melhor musica para Hector Lagna Fietta.
     No final do ano o cineasta arremata em leilão a metade do equipamento da Vera Cruz
     1963, A Casinha Pequenina, filme colorido, é considerado pela critica como u épico. Lançado em 21 de janeiro, marca a estréia de Tarcisio Meira e Luis Gustavo no cinema.
     Com a ajuda de Agostinho Martins Pereira, Mazzaropi importa equipamentos de som direto. Produz O Lamparina totalmente rodado na Fazenda (da) Santa.
     1964, o filme é lançado em 20 de janeiro, em 23 cinemas da capital. Realiza Meu Japão Brasileiro.
     1965, lança o filme e começa a produzir O Puritano Da Rua Augusta, em homenagem a famosa rua da cidade de São Paulo.
     1966, lança o filme e produz O Corinthiano. É homenageado no 3º Festival de Cinema Brasileiro de Teresópolis. Recebe também o troféu de simpatia popular no Programa Silvio Santos.
     1967, estréia O Corinthiano, em 23 e janeiro, com a presença da torcida organizada Os Gaviões da Fiel. Produz o 20º filme d sua carreira, O Jeca e a Freira. Mazzaropi recebe o troféu de campeão de Bilheteria no 4º Festival de Teresópolis.
     1968, em 17 de janeiro recebe e manda emoldurar, o bilhete de Austragésilo de Athaide, presidente da Academia Brasileira de letras, sobre o recém lançado O Jeca e a Freira: “...Mazzaropi alcançou, o mais alto nível de sua arte. É hoje, sem nenhum favor, um artista de categoria mundial.”
     Produz No Paraíso das Solteironas.

     1969, o filme chega aos cinemas em 23 de janeiro e rende, até 19 de setembro de1970, 2 bilhoes e 650 milhões de cruzeiros.
     Produz e lança no mesmo ano Uma Pistola Para Djeca. É um dos grandes sucessos de bilheteria no país. Mazzaropi recebe do Instituto Nacional de Cinema (INC), o premio de CR$186.168,43 – correspondente a 5% da renda do filme.
     1970, realiza sua obra autobiográfica, Betão Ronca Ferro.
     1971, lança o filme em 23 e janeiro e produz O Grande Xerife. Quase simultaneamente, roda Um Caipira em Bariloche, sua 25ª obra cinematográfica.
     1972, lança, em 22 de janeiro, O Grande Xerife. Encontra-se em 18 de outubro com o Presidente da Republica Emilio Garrastazu Medice, no Palácio da Alvorada, em Brasília. Na ocasião, Mazzaropi solicita maior apoio ao cinema brasileiro.
     1974, lança o filme em 21 de janeiro. Sobre Um Caipira Em Bariloche, o respeitado critico e intelectual Paulo Emilio Salles Gomes faz uma analise seria e sem paixão assegurando que, na verdade, “ele atinge o fundo arcaico da sociedade brasileira e de cada um de nós”. Mazzaropi se incorpora ao universo da cultura popular brasileira.
     Ainda nesse ano filma O Jeca Macumbeiro que entra em cartaz no ano seguinte.
     1975, produz Jeca Contra o Capeta (28º). O ano marca o inicio das construções do novo estúdio localizado no bairro  dos remédios, em Taubaté, numa área de 160 mil m2, com 20 apartamentos luxuosos, restaurantes, estúdio de 1.000 m2, piscina, lago, alojamentos para equipe técnica e artistas, rserva técnica, oficina de cenários, carpintaria e outras instalações. O novo local leva o nome de Hotel Studio PAM Filmes.
     Jeca Contra o Capeta é produzido simultaneamente nos dois estúdios. 1976, lança o filme em 1 de março.
     1977, produz Jecão...Um Fofoqueiro no Céu (29º) e o lança em junho. Em 17 de fevereiro Mazzaropi se encontra com o presidente Ernesto Geisel, em Taubaté. Foi um encontro rápido e falaram só de cinema.
     Filma O Jeca e Seu Filho Preto (30º).
     1978, lançamento do filme. Conforme Rubens Biáfora, o filme enfoca “o problema racial entre nós, segundo a ótica de Mazzaropi, mas talves não com a coerência ou a obediência moral à moral convencional, que lhes deveriam ser inerentes e indispensáveis”.
     Em 7 de setembro, Mazzaropi é recebido, em Taubaté, pelo Presidente General João Baptista Figueiredo e o encontro se resumiu em um abraço num palanque e aplausos para o ator.
     Roda A Banda das Velhas Virgens (31º).
     1979, lança o filme e já bastante debilitado pela doença, faz o Jeca e a Égua Milagrosa, o seu 32º filme, é o ultimo filme.
     1980, depois do lançamento do filme, começa a produção de Maria Tomba Homem, obra jamais realizada.
     1981, Amacio Mazzaropi morre aos 69 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 13 de junho; causa mortis, septecemia.
     No mesmo dia é sepultado em Pindamonhangaba SP, no Cemitério Municipal da Cidade, onde seu pai Bernardo Mazzaropi já esta enterrado.
     1983, Clara Ferreira Mazzaropi morre em 12 de março, aos 91 anos, no Hospital Albert Eistein de São Paulo; causa mortis, broncopneumonia. Esta enterrada também em Pindamonhangaba, junto ao marido e o filho.
     1991, é criado o centro de documentação e  Pesquisa histórica – CDPH, da Universidade de Taubaté que inicia o trabalho de recuperação da historia  de Amacio.
     1992, a Universidade de Taubaté e o Hotel Fazenda Mazzaropi assinam um acordo de comodato. O CDPH e o Museu do Homem Caipira são transferidos pára uma área cedida pelo hotel. Os acervos sobre Mazzaropi da Universidade e do Hotel são expostos ao publico e a pesquisa é intensificada.
     1993, é instituído pela Câmara Municiapl de Taubaté, por iniciativa do vereador Roberto Peixoto, o Dia Mazzaropi.
     1994, é realizada a exposição “Mazzaropi. A imagem de um caipira” no SESC Interlagos, São Paulo, numa realização conjunta da Universidade de Taubaté, Hotel Fazenda Mazzaropi e SESC. O evento é visitado por mais de 200 mil pessoas.
     Paralelo ao evento, é publicado o catalogo “Mazzaropi. A imagem de um caipira”. Encerrado o comodato entre a UNITAU e o Hotel Fazenda Mazzaropi, o CDPH continua suas pesquisas sobre o cineasta e o Hotel inaugura o Museu Mazzaropi dando inicio a uma serie de ações que visam recuperar e divulgar a memória do ator.
     1996, o Museu passa a promover, sempre em abril, a Semana Mazzaropi.
     1998, é feito um convenio de cooperação cultural entre a Universidade de Taubaté e Hotel Fazenda Mazzaropi.
     2000, o Museu Mazzaropi, em parceria com a Votorantin, começa a restauração da fazenda Santa onde Mazzaropi montou seu primeiro estúdio de cinema.
    
     A Autora é Coordenadora do Centro de Documentação e pesquisa Histórica – CDPH da Universidade de Taubaté, membro do Instituto de Estudos Valeparaibanos – IEV e membro do Conselho Municipal de Turismo, Patrimônio de São Luiz do Paraitinga – CONTUR.
olgaroiz@uol.com.br
     Este texto foi originalmente publicado no jornal do Mazza para a Semana Mazzaropi de abril de 2000.
     Jornal do Mazza é uma publicação do Museu Mazzaropi, entidade mantida pelo Instituto Mazzaropi – Taubaté, SP.

Edição: Cláudio Antonio Marque Luiz.
Pesquiza e texto: Profª Olga Rodrigues Nunes de Souza.
Jornalista responsável: Rosimeire Aparecida dos Reis MTB 026765.
...Trecho extraído de entrevista a revista Veja por Armando Salem – 28/01/70.

     Veja – E como se faz para contar quem é Mazzaropi e o que pretende fazer daqui para a frente?
     Mazzaropi – Conte minha verdadeira historia, a historia de um cara que sempre acreditou no cinema nacional e que, mais cedo do que todos pensam, pode construir a industria do cinema no Brasil. A historia de um ator bom ou mau q        eu sempre manteve cheio os cinemas. Que nunca dependeu do INC – Instituto Nacional do Cinema, para fazer filmes. Que nunca recebeu uma critica construtiva da critica cinematográfica especializada, critica que se diz intelectual. Critica que aplaude um cinema cheio de símbolos, enrolado, complicado, pretensioso, mas sem publico. A historia de um cara que pensa em fazer cinema apenas para divertir o publico, por acreditar que cinema é diversão, e seus filmes nunca pretenderam mais do que isso. Enfim, a historia de um cara que nunca deixou a peteca cair.
     Veja - Conte então sua historia.
     Mazzaropi – Quando eu comecei minha vida artística, muito pouca gente que vai ler esta historia existia. Nasci em 1912, e na época em que eu comecei tinha uns quinze anos. Naquele tempo, o gênero de peças que fazia sucesso no teatro era caipira. E, como todo mundo, eu gostava de assisti-las. Dois atores, em particular, me fascinavam. Genésio e Sebastião de Arruda. Sebastião mais que Genésio, que era um pouco caricato demais para meu gosto. Nem sei bem por que, de repente, lá tava eu trabalhando no teatro. Mas não como ator, eu pintava cenários. Alias eu amava a pintura, sempre amei a pintura. Pois bem, um belo dia perdi o “pincel” e resolvi seguir a carreira de ator. No começo procurei copiar a naturalidade do Sebastião, depôs fui para o interior criar meu próprio tipo: caboclão bastante natural (na roupa, no andar, na fala). Um simples caboclo entre os milhões que vivem no interior brasileiro. Sai pro interior um pouco Sebastião, voltei Mazzaropi. Não mudei o nome (embora tivessem cansado de me aconselhar a muda-lo) por acreditar não haver mal nenhum naquilo que eu ia fazer. Os amigos diziam que Mazzaropi não era nome de caipira, que era nome de italiano, mas eu respondia para eles que, se não era, iria virar. Que eu não tinha vergonha do que ia fazer e, por isso, ia fazer com meu nome. E o publico gostou do meu nome, gostou do que eu fiz. Turnês em circos, teatros, recitando monólogos dramáticos, fazendo a platéia rir, chorar. Mas sempre com uma preocupação: conversar com o publico como se fosse um deles. Ganhava 25 mil reis por apresentação quando comecei, passei a ganhar bem mais quando montei a minha própria companhia (1). De nada adiantou a preocupação dos meus pais quando eu sai de casa: “quem faz teatro morre fome em cima do palco”. Eu fiz e não morri, pelo contrario, sempre tive sorte, sempre ganhei dinheiro. Mas eu era bom, era o que o publico queria.
     Em 1946 assinava um contrato na radio Tupi, onde fiquei oito anos. Em 1950 ia para o Rio de janeiro inaugurar o canal 6, e começava minha vida na televisão (2). Um dia, num bar que havia pregado ao Teatro Brasileiro de Comedia, entrou Abílio Pereira de Almeida. A televisão estava ligada, o programa era o meu. Ele me viu. Uma semana depois, uma serie de testes me aprovava para fazer meu primeiro filme: “Sai Da Frente”. Meu primeiro salário no cinema, 15 contos por mês. No segundo já ganhava 30, depois 300, hoje eu produzo meus próprios filmes. E o publico, como no meu tempo de circo, vi ver um Mazzaropi que faz rir e chorar. Um Mazzaropi que não muda.


Observações do Museu Mazzaropi.

1       – Após realizar seu ultimo filme pela Cinedistri, Chico Fumaça, de 1956, Mazzaropi já era famoso no cinema nacional e resolveu que estava na hora de investir em si mesmo. Isso porque via as grandes filas no cinema e eram, geralmente, os donos das produtoras que sempre ganhavam muito dinheiro.
O sucesso de Chico Fumaça fez com que Mazzaropi comentasse com sua mãe, Dona Clara, que o proprietário da companhia Cinedistr, Sr. Massaine, ganhara muito dinheiro com o sucesso dos filmes em que ele participara e pediu para que ela o apoiasse num investimento que pretendia fazer.
Ele queria fazer um filme, mas para levar seu projeto adiante não hesitou em se desfazer dos seus bens: dois carros Chevrolet americanos, terrenos, economias bancarias e perguntou ao seu filho de criação, Péricles Moreira, se fosse necessário, se ele não se importaria em trocar o colégio particular por um colégio estadual. Mazzaropi ficou apenas com o terreno do Itaim Bibi.
Em 1958, consegue produzir seu primeiro filme, Chofer de Praça. Não foi fácil, no inicio teve de alugar os estúdios da Cia Vera Cruz para as gravações internas e as filmagens externas foram rodadas na cidade de São Paulo com os equipamentos alugados da Vera Cruz. Estava inaugurada a PAM Filmes – Produções Amacio Mazzaropi.

2       -  na verdade em setembro de 1950, Mazzaropi, com 38 anos, estreava na TV Tupi de São Paulo o mesmo show que tinha sido sucesso durante muito tempo na radio tupi: Rancho Alegre, o programa era ao vivo, todas as quartas, as 21 horas.
Quatro meses depois, janeiro de 1961, Mazzaropi é convidado para a inauguração da TV Tupi no Rio de Janeiro. No alto do Pão de Açúcar, onde se achava instalada a torre transmissora, acontece a grande festa com a presença do Presidente Eurico Gaspar Dutra.
A apresentação do show inaugural coube a Luis Jatobá, primeiro locutor da tupi carioca.
Mazzaropi também passou pela TV Excelsior fazendo parte de um programa de sucesso na época, apresentado por Bibi Ferreira, Brasil 63.

O Caipira Mazzaropi

     Nasceu em São Paulo, SP, em 09 de Abril de 1912. Aos 16 anos foge de casa para ser assistente do faquir Ferri.
     Em 1940, monta o circo Teatro Mazzaropi e cria a Companhia teatro de Emergência.
     Em 1948 vai para a Radio Tupi onde estréia seu programa Rancho Alegre.
     Em 1950, inaugura a televisão no Brasil e para lá leva seu programa, com estrondoso sucesso. Abílio Pereira de Almeida, então produtor e diretor da Vera Cruz, procura um tipo diferente e curioso para estrelar uma comedia. Quando vê Mazzaropi na televisão, não tem duvida e contrata-o para atuar em Sai da frente (52). O sucesso popular é tanto que Mazzaropi acaba se dedicando praticamente ao cinema. Participa de 8 filmes como ator contratado e, em 1958, funda a PAM Filmes – Produções Amacio Mazzaropi. A partir daí, passa a produzir e dirigir seus filmes, sendo sua primeira produção o Chofer de Praça, em que ele emprega todas as suas economias.
     Com o filme pronto, falta dinheiro para fazer as copias. Pega seu carro e sai pelo interior a fora fazendo shows até conseguir arrecadar a quantia necessária.
O filme estréia e faz muito sucesso. O pano de fundo é sempre uma fazenda, primeiro emprestada e depois a sua própria, chamada Fazenda da Santa, onde monta seus estúdios. Ali atravessa sua mais fértil fase e produz seus melhores filmes como Tristeza do Jeca (61) e Meu Japão Brasileiro (64).
     Com o tipo “Jeca”, o caipira de fala arrastada, tímido, mas cheio de malicia, arrasta multidões aos cinemas, lança um filme por ano e sempre  em 25 de janeiro, aniversario de São Paulo, e no Cine Art-Palácio, que ele adota para lançamento das películas, pois o dono do cinema foi o que mais lhe apoiara no inicio da carreira de produtor. Fica milionário e paralelamente produz leite também, sendo um dos maiores fornecedores da empresa Leites Paulista.
     No inicio de 70 constrói novos estúdios e um hotel, também em Taubaté, artista nato e empresário com muito tino comercial, é também desconfiado e solitário, nunca se casa, mas tem um filho adotivo, Péricles, que o ajuda na produção dos filmes.
     Morre em 13 de junho de 1981, aos 69 anos de idade, vitima de câncer na medula, logo após iniciar sua 32ª produção, Jeca e a Maria Tromba Homem. O império que constrói é dilacerado pelos herdeiros após sua morte, com todos os seus bens indo a leilão, inclusive os filmes, o hotel-fazenda onde esta seu estúdio continua existindo, agora com o nome de Mantenedor do Museu Mazzaropi com um acervo de mais de 6.000 peças. Mazzaropi é sem duvida o maior comediante do cinema brasileiro. Seu nome é sinônimo de sucesso e respeitado por todos, inclusive os críticos, que não gostam de seus filmes, mas se rendem ao seu talento. Construiu um estilo que será sempre imitado, mas jamais superado.
     Como disse Paulo Emilio Salles Gomes, “o melhor dos filmes de Mazzaropi é ele mesmo’.

Fonte: “Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro”, de Antonio Leão da Silva Neto.

1952, Sai da Frente, ator – PB
1952, Nadando em Dinheiro, ator – PB
1953, Candinho, ator – PB
1965, A Carrocinha, ator – PB
1956, O Gato de Madame, ator – PB
1956, Fuzileiro do Amor, ator – PB
1957, O Noivo da Girafa, ator – PB
1958, Chico Fumaça, ator – PB
1958, Chofer de Praça, ator, produtor, roteirista e argumentista – PB
1959, Jeca Tatu, ator, produtor, roteirista e argumentista – PB
1960, As Aventuras de Pedro Malasartes, diretor, produtor e ator – PB
1960, Zé do Periquito, diretor, argumentista, ator e produtor – PB
1961, Tristeza do Jeca, diretor, argumentista, ator e produtor – PB
1962, O Vendedor de Lingüiça, argumentista, ator e produtor – PB
1963, Casinha Pequenina, argumentista, ator e produtor – PB
1964, O Lamparina, ator e produtor – PB
1964, Meu Japão Brasileiro, produtor, roteirista e ator – Cor
1965, O Puritano da Rua Augusta, produtor, argumentista, diretor e ator – Cor
1966, O Corinthiano, produtor, argumentista e ator – Cor
1967, O Jeca e a Freira, produtor, roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
1968, No Paraíso das Solteironas, produtor, roteirista, diretor e ator – Cor
1969, Uma Pistola Para Djeca, produtor, roteirista, argumentista e ator – Cor
1970, Betão Ronca Ferro, produtor, argumentista e ator – Cor
1972, O Grande Xerife, produtor, argumentista e ator – Cor
1973, Um Caipira em Bariloche, produtor, argumentista, diretor e ator – Cor
1973, Portugal Minha Saudade, produtor, argumentista e ator – Cor
1974, O Jeca Macumbeiro, produtor, argumentista, diretor e ator – Cor
1975, Jeca Contra o Capeta, produtor, argumentista e ator – Cor
1977, Jeca...Um Fofoqueiro No Céu, produtor, roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
1978, Jeca e o Seu Filho Preto, produtor, argumentista e ator – Cor
1979, A Banda Das Velhas Virgens, produtor, roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
1980, O Jeca e a Égua Milagrosa, produtor, roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
    
Vive em Ribeirão Preto o Sr, José Veloni, ator que trabalhou em dez filmes de Mazzaropi.

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