AUGUSTO DOS ANJOS
EU
O poeta maldito, de um livro só, "EU" lançado em 1912, e este EU sendo o proprio Augusto, com conteudo carregado, abarrotado de sentimentos, sendo a dor e a morte seu conteudo, como VERSOS ÍNTIMOS. Augusto dos Anjos é "EU", e se passaram cem anos e continua a cada 2 anos sendo lançado seu mesmo livro, repovoado as ocultas, no silencio e na descoberta fantastica de nossa juventude, oculto mas encontrado facil pelo seu conteudo, como um fantasma medonho guiando para suas paginas de grandiosa criatividade, escrito em tempos dificeis e com coragem e simplicidade de quem sabia por sentimento seu valor e talvez profeticamente a sua grandiosidade.
1884: No Engenho Pau d’Arco, município de
Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba, a 20 de Abril nasce Augusto
de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1),
terceiro filho de Alexandre Rodrigues dos Anjos e D. Córdula de Carvalho
Rodrigues dos Anjos (Sinhá Mocinha). Augusto e os irmãos receberão do pai a
instrução primária e secundária. - 1900: Augusto ingressa no Liceu
Paraibano; compõe o seu primeiro soneto, “Saudade”. - 1901: Publica um soneto no
jornal O Comércio, no qual passará a
colaborar. - 1903: Inscreve-se na
Faculdade de Direito da cidade de Recife. -
1905: Morte do Dr. Alexandre, pai do
poeta. A propósito, Augusto escreve e publica em O Comércio três sonetos que farão parte do EU, livro futuro. Inicia a “Crônica paudarquense” e participa em
duas polêmicas. - 1907: Conclui o curso de Direito. - 1908: Transfere-se para a capital da
Paraíba, onde dá aulas particulares. Colabora no jornal Nonevar e na revista Terra
Natal. Morre Aprígio Pessoa de Melo, padrasto de sua mãe e patriarca da
família, deixando o Engenho em grave situação financeira. Augusto leciona no
Instituto Maciel Pinheiro. É nomeado professor do Liceu Paraibano. - 1909: Em A União publica “Budismo moderno” e numerosos poemas. Profere, no
Teatro Santa Rosa, um discurso nas comemorações do 13 de maio, chocando a
platéia por seu léxico incompreensível e bizarro. Abandona o Instituto Maciel
Pinheiro. - 1910: Publica em A União “Mistério de um fósforo” e
“Noite de um visionário”. Casa-se com Ester Fialho. Continua a colaborar no Nonevar. Sua família vende o Engenho Pau
d’Arco. Sem conseguir licenciar-se, demite-se do Liceu Paraibano e embarca com
a mulher para o Rio de Janeiro. Hospeda-se em uma pensão no Largo do Machado,
mudando-se em seguida para a Avenida Central. Termina o ano sem conseguir um
emprego. - 1911: Ester, grávida de
seis meses, perde a criança. Augusto é nomeado professor de Geografia,
Corografia e Cosmografia no Ginásio Nacional (atual Colégio Pedro II). Nasce
sua filha Glória. Muda constantemente de residência. - 1912: Colabora no jornal O
Estado, dá aulas na Escola Normal. Augusto e o seu irmão Odilon custeiam a
impressão de 1.000 exemplares do EU,
livro recebido com estranheza por parte da crítica, que oscila entre o
entusiasmo e a repulsa. - 1913: Nascimento
do filho Guilherme Augusto. Continua lecionando em estabelecimentos diversos. - 1914: Publica “O lamento das coisas”
na Gazeta de Leopoldina, dirigida
pelo seu concunhado Rômulo Pacheco. É nomeado diretor do Grupo Escolar de
Leopoldina, para onde se transfere. Doente desde 30 de outubro, falece às 4
horas da madrugada de 12 de novembro, de pneumonia. - 1920: Com organização e prefácio de Orris Soares, é publicada
pela Imprensa Oficial da Paraíba a 2ª edição do EU. - 1928: Lançamento da 3ª edição de suas poesias, pela Livraria
Castilho, do Rio de Janeiro, com extraordinário sucesso de público e de
crítica.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao
formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te
espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu
cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena
a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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