MAZZAROPI
Nosso proprio gênio, autentico, unico...perpetuo.
Prof. Olga
Rodrigues Nunes de Souza
1890, João
Jose Ferreira e Maria Pitta Ferreira nascidos em Ponta do Sol, Portugal, chega,
a Taubaté e vão morar numa chácara de onde tiram o seu sustento cultivando
hortaliças. Ali nascem Clara em 12 de Agosto de 1892 e seus seis irmãos.
Nos 1900,
os Mazzaropi chegam ao Brasil: Amazio e Ana e seus filhos Domingos e Bernardo.
Nascidos em Nápoles, Itália, começam a trabalhar na agricultura em Dourados SP
e depois no Paraná.
1910, Clara
Ferreira e Bernardo Mazzaropi já casados, moram em São Paulo, no bairro de
Santa Cecília. Ela, empregada domestica, e ele, motorista de automóvel de
aluguel.
1912, na
pequena casa, nasce Amacio Mazzaropi, no dia 9 de abril.
1914, a
falta de dinheiro e o espírito inquieto do pai, levam a família Mazzaropi de
volta para Taubaté, onde Bernardo vai trabalhar como operário têxtil na
Companhia Taubaté Industrial – CTI.
1916, Clara
torna-se tecelã da CTI e o pequeno Amacio fica uma temporada na casa dos avos
maternos na cidade de Tremembé SP. João Jose Ferreira, o avô português, exímio
tocador de viola, bom dançarino de cana-verde e animador famoso das festas do
bairro rural, leva sempre com ele os netos Amacio e Vitório Lazzaini.
1918, é
inaugurada a Estação Central do Brasil em Tremembé e o avô apresenta com sua
violinha. Amacio, aos 6 anos de idade, assiste embevecido.
1919,
Bernardo não suporta a monotonia do trabalho na fabrica e decide voltar com a
família para São Paulo. Mazzaropi ingressa no Grupo escolar do Largo de são
Jose do Belém. Bom aluno tinha incrível facilidade para decorar poesias e logo
vira o centro das atenções nas festas da escola como declamador-mor.
1922, com a
morte do avô e a dureza de sempre, os Mazzaropi voltam mais uma vez para
Taubaté. Clara e Bernardo retomam o trabalho na CTI e abrem um botequim na
residência da rua América, onde a família se reveza no atendimento aos
fregueses. Amacio é matriculado no Ginásio Washington Luis. Em casa, estuda e
decora textos do livro Lira Teatral. No monologo Chico, imita um tipo de
caipira que agrada em cheio numa festa da escola.
Freqüenta os
circos que passam pela cidade e não esconde sua vontade de se tornar ator
circense. Os pais, contrários a idéia, o mandam para a casa do tio Domingos
Mazzaropi em Curitiba. O objetivo é distancia-lo da ‘perdição’ dos palcos dos
circos. Trabalha como caixeiro da loja de casimira da família, na rua XV de
Novembro.
1926, aos
14 anos retorna a São Paulo com o mesmo sonho de atuar no circo. Conhece
o famoso Ferry, faquir do circo Lá Paz, e, para desespero dos pais, começa a
viajar com eles. Nos intervalos das exibições do faquir, Amacio conta piadas e
ganha por isso, um mirrado salário. Ferry consegue para ele um documento que
transforma seus 14 anos em 19. Agora ele podia constar as piadas picantes que o
povo gostava.
1929, sem
dinheiro, deixa o circo e volta para a casa dos pais em Taubaté. Tornara
tecelão da Companhia Taubaté industrial, com um salário de 4.720 réis.
1931, de novo a
fazer teatro, agora com ator e diretor no salão Externato Sagrado Coração de
Maria, do Convento de santa clara, em Taubaté.
1932,
eclode a revolução Constitucionalista. Em Taubaté, o Movimento de Arrecadação
de Fundos para Donativos aos Soldados da Lei organiza, em conjunto com a radio
Record de São Paulo, espetáculos com os maestros Martinez Grau, Fêgo Camargo, o
folclorista Capitão Comélio Pires e outros, num projeto denominado Theatro ao
Soldado.
A
efervescência cultural de 32 anima Mazzaropi e ele estréia na Troupe
Carrara, no cinema Theatro Polytheama, em Taubaté, no papel de Eugenio
Carvalho, na comedia Herança do Padre João, de Baptista Machado.
1934, em 18
de março, estréia no cine Tremembé a troupe Olga Crutt, uma das mais famosa,
experientes e aplaudidas do interior do país. Mazzaropi ingressa na companhia.
Em 30 de março, Olga Crutt troca seu nome artístico para Olga Mazzaropi. Em
novembro, Amacio Mazzaropi se torna líder da nova companhia “Troupe
Mazzaropi”.
1935,
Amacio convence a familia a seguir com a Troupe. Os pais, persuadidos, viram
atores e ajudam na administração. Depois de uma turnê bem sucedida,resolvem
montar um Pavilhão – um barracão de tabuas corridas, coberto de lona, com
cadeiras e bancos de madeira para a platéia, o chamado Teatro de Emergência.
Logo na estréia, em Jundiaí SP, uma tempestade acaba com a apresentação. Caíram
as paredes, e junto quase vai o sonho. Só três dias depois do vendaval é que
acontece a inauguração e o sucesso reanima as esperanças.
1935/1942, a
troupe Companhia Amacio Mazzaropi viaja pelo interior do estado e as
apresentações são largamente concorridas, mas falta dinheiro para melhorar a
companhia.
1943, em
fins de novembro, Amácio com 31 anos, recebe uma herança da avó Maria Pitta e
realiza o sonho de colocar uma cobertura de Zinco em seu pavilhão para assim,
poder estrear na capital.
O Jornal de
são Paulo publica a critica de Francisco Sá “O que vai pelo teatro”, onde
elogia a atuação do jovem Amacio.
Terminada a temporada paulistana, o grupo viaja pelo
Vale da Paraíba.
O Pavilhão
Mazzaropi reestréia em Pindamonhangaba e os soldados da FEB, aquartelados na
região, tem cadeira cativa nos espetáculos.
Bernardo
adoece e as despesas com seu tratamento complicam as finanças da companhia.
Mazzaopi é
convidado para substituir Oscarito numa peça em cartaz no teatro João Caetano
no Rio de janeiro. Oscarito, então o ator mais famoso do pais, muda de idéia e Mazzaropi, sem dinheiro
e decepcionado, volta para Pindamonhangaba e dissolve a companhia. Desmonta o
teatro e o deixa no Pátio da Estação Ferroviária.
Em 29 de
setembro, estréia em Taubaté a companhia do consagrado ator Nino Nélio. Em
Pindamonhangaba, no Basquete Clube Sociedade Esportiva Recreativa, estréia
Mazzaropi. Os artistas se conhecem e resolvem fundir suas companhias.
Em 8 de
novembro, morre Bernardo Mazzaropi, aos 56 anos.
Quatro dias
depois da morte do pai, Amácio estréia ao lado de nino Mello no Teatro Oberdâ,
e São Paulo. Mazzaropi é ator e diretor na peça Filho de Sapateiro,
Sapateiro deve Ser. A temporada recebe sucesso de publico e critica.
1945, no
inicio do ano, Amacio retorna a Pindamonhangaba com a idéia de recuperar o
pavilhão e traze-lo para São Paulo, mas fica na cidade e recomeçam as
apresentações. Com vários contratempos e sem dinheiro, pede a um amigo 8 mil
cruzeiros emprestado. Em pouco tempo, consegue pagar a divida e segue pára São
Paulo.
o pavilhão
é instalado no bairro de Santana e a casa vive cheia. Passa a morar no
Tucuruvi, de onde vira o apelido “Bernard Shaw do Tucuruvi” numa alusão cômica
do famoso do ator inglês.
Com o
sucesso do pavilhão, Mazzaropi assina contrato com o Teatro Colombo onde atua
por mais de um ano.
1946, em
março, Mazzaropi é convidado por Demerval Costa Lima, diretor da Radio Tupi de
São Paulo, para fazer o programa Ranço Alegre. Com salário mensal de 700
cruzeiros, assina contrato de 3 meses. O programa é ao vivo todos os domingos
as 19h45, no auditório da radio, no Sumaré. A produção é de Cassiano Gabus
Mendes e logo alcança grande audiência. Na primeira semana, Mazzaropi recebe
cerca de 2.000 cartas de fãs.
O programa
era simples, Mazzaropi contava umas piadas e, acompanhado de um sanfoneiro,
cantava uma canção.
1947,
Mazzaropi vira tema de um concurso promovido pela radio: “Qual o verdadeiro nome de Mazzaropi?”. Os jornais
publicam a pergunta em cupons. A apuração é feita no cine São Francisco, no dia
12 de outubro e, em meio a uma grande festa para a entrega dos prêmios, os
ganhadores assistem a apresentação do homenageado.
As
Emissoras Associadas criam o show Brigada da Alegria, com Mazzaropi, Linda
batista, Henricão e Rosa Maria ( o “Barão das Cabrochas” e a “Cabrochinha do
Samba”), Michel Allard, Hebe Camargo (“A Morena do Sumaré”), e excursionam por
vários estados. Em Minas Gerais, Mazzaropi e Hebe fazem sucesso nas rádios
Associadas de Minas, Guarani e Mineira. Os espetáculos pelo país vão criando um
publico fiel que o acompanhara durante muitos anos. Em São Paulo, também é
notável o seu sucesso. Entrevistas,
concursos, convites para shows de caridade, audições em clubes, boates, radio e
teatros pelo interior do estado.
No fim do
ano assina contrato com a Companhia Dercy Gonçalves e atua ao lado da famosa
atriz, na super revista Sabe lá o que é isso?, de Jorge Murad,
Paulo Orlando e Humberto Cunha, no Cine Theatro Odeon.
O ator
Mazzaropi aos 36 anos, tem grande prestigio no teatro e na radio com os
programas na tupi do Rio de Janeiro e Baré de Manaus.
1950, em 18
de setembro, é inaugurada a primeira emissora de televisão brasileira, a TV
Difusora de São Paulo, canal 3. Convidado para o show de estréia Mazzaropi
torna-se o primeiro humorista na TV. Inicialmente, a semelhança da radio,
apresenta-se sozinho, mas em poucos dias, a direção resolve lançar o programa Rancho
Alegre com Amacio e a atriz Geny Prado. Toda 4ª feira, as 21hoo, sob a
direção de Cassiano Gabus Mendes e patrocínio da Philco, o primeiro
patrocinador da TV brasileira.
1951, em 20
de janeiro, Mazzaropi é enviado para o programa inaugural da TV Tupi no rio, “o
maior caipira do radio brasileiro”. Mazzaropi agrada. Sucesso estrondoso. Passa
a apresentar um quadro na TV Rio toda quinta, a noite. Mazzaropi trabalha na
Radio e Tv Tupi de ao Paulo e do Rio de Janeiro, alem de shows em teatros.
1951, os
diretores Abílio Pereira de Almeida e tom Payne estavam no Nick Bar, em São
Paulo, quando viram Mazzaropi na TV. Resolveram chamá-lo para um teste na
Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Entre muitos candidatos, Mazzaropi é o
escolhido e contratado por 15 contos mensais, mais gratificação anual de 60
contos, para filmar Sai da Frente. Mazzaropi esta com 39 anos.
1952, o
filme é lançado no dia 15 de junho em 12 cinemas de São Paulo. A estréia no
cinema projeta sua carreira artística. E na esteira do êxito, as Emissoras
Associadas lançam o “Bernard Shaw do Tucuruvi”, na novela sertaneja O Meu
Mundo É Aquele Rancho, escrito pelo radialista Teixeira Filho. Famoso, sua
vida passa a ser contada em capítulos no jornal A Hora. Essas promoções e o
sucesso de Sai da Frente, fazem a Companhia Vera Cruz acelerar a produção de um
novo filme com Mazzaropi: Nadando em Dinheiro. Em 27 de outubro,
estréia em 36 cinemas de São Paulo.
1953, Mazzaropi
faz outro filme, Candinho.
A Vera Cruz já
demonstra os primeiros sinais de problemas financeiros e atrasa a edição do
filme.
1954, o
lançamento só acontece em 25 de janeiro, no Cine Ipiranga e circuito de 25
salas. A obra é uma adaptação de Candide, de Voltaire.
A Vera cruz
não vai nada bem, mas mesmo assim, Mazzaropi é um dos oito atores que a
Companhia mantem contratado. Enquanto a Vera cruz afunda na crise financeira,
ele se preocupa com o futuro no radio e, para surpresa geral anuncia sua saída
das Emissoras Associadas indo para a radio nacional de São Paulo. O novo
programa é transmitido aos sábados, as 12h30, com Mazzaropi em visitas aos
clubes da cidade, onde conta piadas, canta e faz imitações. Fica no ar de 1953
a 1955.
1955, filma
A Carrocinha, numa produção da Fama Filmes e Produções Jaime
Prades que, logo depois, de volta a Espanha, produz o clássico El Cid.
1956, faz
seu 5º filme, O Gato de Madame, pela Brasil Filmes. Lançado no
mesmo ano, o filme marca a estréia de Odete Lara no cinema.
Mazzaropi
assina contrato com os irmãos Eurides e Eudes Ramos, da Cinelandia Filmes, do
Rio de Janeiro, e Oswaldo, da Cinedistr, de São Paulo. Faz os filmes Fuzileiro
do Amor e O Noivo da Girafa, o primeiro lançado em 1956 e
o outro no ano seguinte.
1958, seu
8º filme, Chico Fumaça, é produzido pela Cinedistr.
Pronto o
filme, Mazzaropi acha que chegou o momento de arriscar alto, era tudo ou nada,
e resolve criar sua própria produtora, a Produções Amacio Mazzaropi (PAM
Filmes). Com recursos próprios, inicia as filmagens de Chofer de
Praça. Para produzir o filme, Mazzaropi vende a casa e tudo que podia
para alugar os estúdios e equipamentos da Companhia Vera Cruz. Alem de
produzir, Mazzaropi passa a cuidar do lançamento e distribuição de seus filmes
por todo o Brasil controlando na bilheteria o resultado dos filmes. Estava com
46 anos.
Ainda em 61,
Mazzaropi adquire os 164 alqueires da Fazenda da Santa e inicia a construção do
primeiro estúdio.Realiza Tristeza do Jeca, o primeiro filme
colorido, em Eastmancolor, com revelação e trucagens feitas na cidade do
México. Lançado em setembro o filme é um sucesso e motivo de orgulho para
Mazzaropi. Pela primeira vez, um filme seu era exibido na TV, no Festival de
Cinema Brasileiro da TV Excelsior, em outubro. Ainda naquele ano, roda seu 14º
filme: O Vendedor de Lingüiça.
1962, o
filme estréia em 30 de abril. Este foi um ano promissor para Amacio Mazzaropi.
Produz A Casinha Pequenina, completa 50 anos e é
convidado para o programa Brasil 62, de Bibi Ferreira na Tv Excelsior de São
Paulo.
Tristeza
do Jeca é contemplado duplamente com o premio Cidade de São Paulo,
melhor ator coadjuvante para Genésio Arruda e melhor musica para Hector Lagna
Fietta.
No final do
ano o cineasta arremata em leilão a metade do equipamento da Vera Cruz
1963, A
Casinha Pequenina, filme colorido, é considerado pela critica como u
épico. Lançado em 21 de janeiro, marca a estréia de Tarcisio Meira e Luis
Gustavo no cinema.
Com a ajuda
de Agostinho Martins Pereira, Mazzaropi importa equipamentos de som direto.
Produz O Lamparina totalmente rodado na Fazenda (da) Santa.
1964, o
filme é lançado em 20 de janeiro, em 23 cinemas da capital. Realiza Meu
Japão Brasileiro.
1965, lança
o filme e começa a produzir O Puritano Da Rua Augusta, em
homenagem a famosa rua da cidade de São Paulo.
1966, lança
o filme e produz O Corinthiano. É homenageado no 3º Festival de
Cinema Brasileiro de Teresópolis. Recebe também o troféu de simpatia popular no
Programa Silvio Santos.
1967,
estréia O Corinthiano, em 23 e janeiro, com a presença da torcida
organizada Os Gaviões da Fiel. Produz o 20º filme d sua carreira, O Jeca e a
Freira. Mazzaropi recebe o troféu de campeão de Bilheteria no 4º Festival de
Teresópolis.
1968, em 17
de janeiro recebe e manda emoldurar, o bilhete de Austragésilo de Athaide,
presidente da Academia Brasileira de letras, sobre o recém lançado O Jeca
e a Freira: “...Mazzaropi alcançou, o mais alto nível de sua arte. É
hoje, sem nenhum favor, um artista de categoria mundial.”
Produz No
Paraíso das Solteironas.
1969, o
filme chega aos cinemas em 23 de janeiro e rende, até 19 de setembro de1970, 2
bilhoes e 650 milhões de cruzeiros.
Produz e
lança no mesmo ano Uma Pistola Para Djeca. É um dos grandes
sucessos de bilheteria no país. Mazzaropi recebe do Instituto Nacional de
Cinema (INC), o premio de CR$186.168,43 – correspondente a 5% da renda do
filme.
1970,
realiza sua obra autobiográfica, Betão Ronca Ferro.
1971, lança
o filme em 23 e janeiro e produz O Grande Xerife. Quase
simultaneamente, roda Um Caipira em Bariloche, sua 25ª obra
cinematográfica.
1972,
lança, em 22 de janeiro, O Grande Xerife. Encontra-se em 18 de
outubro com o Presidente da Republica Emilio Garrastazu Medice, no Palácio da
Alvorada, em Brasília. Na ocasião, Mazzaropi solicita maior apoio ao cinema
brasileiro.
1974, lança
o filme em 21 de janeiro. Sobre Um Caipira Em Bariloche, o
respeitado critico e intelectual Paulo Emilio Salles Gomes faz uma analise
seria e sem paixão assegurando que, na verdade, “ele atinge o fundo arcaico da
sociedade brasileira e de cada um de nós”. Mazzaropi se incorpora ao universo
da cultura popular brasileira.
Ainda nesse
ano filma O Jeca Macumbeiro que entra em cartaz no ano seguinte.
1975,
produz Jeca Contra o Capeta (28º). O ano marca o inicio das
construções do novo estúdio localizado no bairro dos remédios, em Taubaté, numa área de 160
mil m2, com 20 apartamentos luxuosos, restaurantes, estúdio de 1.000 m2,
piscina, lago, alojamentos para equipe técnica e artistas, rserva técnica,
oficina de cenários, carpintaria e outras instalações. O novo local leva o nome
de Hotel Studio PAM Filmes.
Jeca
Contra o Capeta é produzido simultaneamente
nos dois estúdios. 1976, lança o filme em 1 de março.
1977,
produz Jecão...Um Fofoqueiro no Céu (29º) e o lança em junho. Em
17 de fevereiro Mazzaropi se encontra com o presidente Ernesto Geisel, em
Taubaté. Foi um encontro rápido e falaram só de cinema.
Filma O
Jeca e Seu Filho Preto (30º).
1978,
lançamento do filme. Conforme Rubens Biáfora, o filme enfoca “o problema racial
entre nós, segundo a ótica de Mazzaropi, mas talves não com a coerência ou a
obediência moral à moral convencional, que lhes deveriam ser inerentes e
indispensáveis”.
Em 7 de
setembro, Mazzaropi é recebido, em Taubaté, pelo Presidente General João
Baptista Figueiredo e o encontro se resumiu em um abraço num palanque e
aplausos para o ator.
Roda A
Banda das Velhas Virgens (31º).
1979, lança o
filme e já bastante debilitado pela doença, faz o Jeca e a Égua Milagrosa, o
seu 32º filme, é o ultimo filme.
1980,
depois do lançamento do filme, começa a produção de Maria Tomba Homem,
obra jamais realizada.
1981,
Amacio Mazzaropi morre aos 69 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo,
no dia 13 de junho; causa mortis, septecemia.
No mesmo
dia é sepultado em Pindamonhangaba SP, no Cemitério Municipal da Cidade, onde
seu pai Bernardo Mazzaropi já esta enterrado.
1983, Clara
Ferreira Mazzaropi morre em 12 de março, aos 91 anos, no Hospital Albert
Eistein de São Paulo; causa mortis, broncopneumonia. Esta enterrada também em
Pindamonhangaba, junto ao marido e o filho.
1991, é criado
o centro de documentação e Pesquisa
histórica – CDPH, da Universidade de Taubaté que inicia o trabalho de
recuperação da historia de Amacio.
1992, a
Universidade de Taubaté e o Hotel Fazenda Mazzaropi assinam um acordo de
comodato. O CDPH e o Museu do Homem Caipira são transferidos pára uma área
cedida pelo hotel. Os acervos sobre Mazzaropi da Universidade e do Hotel são
expostos ao publico e a pesquisa é intensificada.
1993, é
instituído pela Câmara Municiapl de Taubaté, por iniciativa do vereador Roberto
Peixoto, o Dia Mazzaropi.
1994, é
realizada a exposição “Mazzaropi. A imagem de um caipira” no SESC Interlagos,
São Paulo, numa realização conjunta da Universidade de Taubaté, Hotel Fazenda
Mazzaropi e SESC. O evento é visitado por mais de 200 mil pessoas.
Paralelo ao
evento, é publicado o catalogo “Mazzaropi. A imagem de um caipira”. Encerrado o
comodato entre a UNITAU e o Hotel Fazenda Mazzaropi, o CDPH continua suas
pesquisas sobre o cineasta e o Hotel inaugura o Museu Mazzaropi dando inicio a
uma serie de ações que visam recuperar e divulgar a memória do ator.
1996, o
Museu passa a promover, sempre em abril, a Semana Mazzaropi.
1998, é
feito um convenio de cooperação cultural entre a Universidade de Taubaté e
Hotel Fazenda Mazzaropi.
2000, o
Museu Mazzaropi, em parceria com a Votorantin, começa a restauração da fazenda
Santa onde Mazzaropi montou seu primeiro estúdio de cinema.
A Autora é
Coordenadora do Centro de Documentação e pesquisa Histórica – CDPH da
Universidade de Taubaté, membro do Instituto de Estudos Valeparaibanos – IEV e
membro do Conselho Municipal de Turismo, Patrimônio de São Luiz do Paraitinga –
CONTUR.
Este texto
foi originalmente publicado no jornal do Mazza para a Semana Mazzaropi de abril
de 2000.
Jornal do
Mazza é uma publicação do Museu Mazzaropi, entidade mantida pelo Instituto
Mazzaropi – Taubaté, SP.
Edição: Cláudio Antonio Marque Luiz.
Pesquiza e texto: Profª Olga Rodrigues Nunes de Souza.
Jornalista responsável: Rosimeire Aparecida dos Reis
MTB 026765.
...Trecho
extraído de entrevista a revista Veja por Armando Salem – 28/01/70.
Veja – E como
se faz para contar quem é Mazzaropi e o que pretende fazer daqui para a frente?
Mazzaropi –
Conte minha verdadeira historia, a historia de um cara que sempre acreditou no
cinema nacional e que, mais cedo do que todos pensam, pode construir a
industria do cinema no Brasil. A historia de um ator bom ou mau q eu sempre manteve cheio os cinemas. Que
nunca dependeu do INC – Instituto Nacional do Cinema, para fazer filmes. Que
nunca recebeu uma critica construtiva da critica cinematográfica especializada,
critica que se diz intelectual. Critica que aplaude um cinema cheio de
símbolos, enrolado, complicado, pretensioso, mas sem publico. A historia de um
cara que pensa em fazer cinema apenas para divertir o publico, por acreditar
que cinema é diversão, e seus filmes nunca pretenderam mais do que isso. Enfim,
a historia de um cara que nunca deixou a peteca cair.
Veja - Conte
então sua historia.
Mazzaropi –
Quando eu comecei minha vida artística, muito pouca gente que vai ler esta
historia existia. Nasci em 1912, e na época em que eu comecei tinha uns quinze
anos. Naquele tempo, o gênero de peças que fazia sucesso no teatro era caipira.
E, como todo mundo, eu gostava de assisti-las. Dois atores, em particular, me
fascinavam. Genésio e Sebastião de Arruda. Sebastião mais que Genésio, que era
um pouco caricato demais para meu gosto. Nem sei bem por que, de repente, lá
tava eu trabalhando no teatro. Mas não como ator, eu pintava cenários. Alias eu
amava a pintura, sempre amei a pintura. Pois bem, um belo dia perdi o “pincel”
e resolvi seguir a carreira de ator. No começo procurei copiar a naturalidade
do Sebastião, depôs fui para o interior criar meu próprio tipo: caboclão
bastante natural (na roupa, no andar, na fala). Um simples caboclo entre os
milhões que vivem no interior brasileiro. Sai pro interior um pouco Sebastião,
voltei Mazzaropi. Não mudei o nome (embora tivessem cansado de me aconselhar a
muda-lo) por acreditar não haver mal nenhum naquilo que eu ia fazer. Os amigos
diziam que Mazzaropi não era nome de caipira, que era nome de italiano, mas eu
respondia para eles que, se não era, iria virar. Que eu não tinha vergonha do
que ia fazer e, por isso, ia fazer com meu nome. E o publico gostou do meu
nome, gostou do que eu fiz. Turnês em circos, teatros, recitando monólogos
dramáticos, fazendo a platéia rir, chorar. Mas sempre com uma preocupação: conversar
com o publico como se fosse um deles. Ganhava 25 mil reis por apresentação
quando comecei, passei a ganhar bem mais quando montei a minha própria
companhia (1). De nada adiantou a preocupação dos meus pais quando eu
sai de casa: “quem faz teatro morre fome em cima do palco”. Eu fiz e não morri,
pelo contrario, sempre tive sorte, sempre ganhei dinheiro. Mas eu era bom, era
o que o publico queria.
Em 1946
assinava um contrato na radio Tupi, onde fiquei oito anos. Em 1950 ia para o
Rio de janeiro inaugurar o canal 6, e começava minha vida na televisão (2).
Um dia, num bar que havia pregado ao Teatro Brasileiro de Comedia, entrou
Abílio Pereira de Almeida. A televisão estava ligada, o programa era o meu. Ele
me viu. Uma semana depois, uma serie de testes me aprovava para fazer meu
primeiro filme: “Sai Da Frente”. Meu primeiro salário no cinema,
15 contos por mês. No segundo já ganhava 30, depois 300, hoje eu produzo meus
próprios filmes. E o publico, como no meu tempo de circo, vi ver um Mazzaropi
que faz rir e chorar. Um Mazzaropi que não muda.
Observações do Museu
Mazzaropi.
1
– Após realizar seu ultimo filme pela
Cinedistri, Chico Fumaça, de 1956, Mazzaropi já era famoso no
cinema nacional e resolveu que estava na hora de investir em si mesmo. Isso porque
via as grandes filas no cinema e eram, geralmente, os donos das produtoras que
sempre ganhavam muito dinheiro.
O sucesso de Chico Fumaça fez
com que Mazzaropi comentasse com sua mãe, Dona Clara, que o proprietário da
companhia Cinedistr, Sr. Massaine, ganhara muito dinheiro com o sucesso dos
filmes em que ele participara e pediu para que ela o apoiasse num investimento
que pretendia fazer.
Ele queria fazer um filme, mas
para levar seu projeto adiante não hesitou em se desfazer dos seus bens: dois
carros Chevrolet americanos, terrenos, economias bancarias e perguntou ao seu
filho de criação, Péricles Moreira, se fosse necessário, se ele não se
importaria em trocar o colégio particular por um colégio estadual. Mazzaropi
ficou apenas com o terreno do Itaim Bibi.
Em 1958, consegue produzir seu
primeiro filme, Chofer de Praça. Não foi fácil, no inicio teve de
alugar os estúdios da Cia Vera Cruz para as gravações internas e as filmagens
externas foram rodadas na cidade de São Paulo com os equipamentos alugados da
Vera Cruz. Estava inaugurada a PAM Filmes – Produções Amacio Mazzaropi.
2
- na
verdade em setembro de 1950, Mazzaropi, com 38 anos, estreava na TV Tupi de São
Paulo o mesmo show que tinha sido sucesso durante muito tempo na radio tupi: Rancho
Alegre, o programa era ao vivo, todas as quartas, as 21 horas.
Quatro meses depois, janeiro de
1961, Mazzaropi é convidado para a inauguração da TV Tupi no Rio de Janeiro. No
alto do Pão de Açúcar, onde se achava instalada a torre transmissora, acontece
a grande festa com a presença do Presidente Eurico Gaspar Dutra.
A apresentação do show
inaugural coube a Luis Jatobá, primeiro locutor da tupi carioca.
Mazzaropi também passou pela TV
Excelsior fazendo parte de um programa de sucesso na época, apresentado por
Bibi Ferreira, Brasil 63.
O Caipira
Mazzaropi
Nasceu em São
Paulo, SP, em 09 de Abril de 1912. Aos 16 anos foge de casa para ser assistente
do faquir Ferri.
Em 1940, monta
o circo Teatro Mazzaropi e cria a Companhia teatro de Emergência.
Em 1948 vai
para a Radio Tupi onde estréia seu programa Rancho Alegre.
Em 1950,
inaugura a televisão no Brasil e para lá leva seu programa, com estrondoso
sucesso. Abílio Pereira de Almeida, então produtor e diretor da Vera Cruz,
procura um tipo diferente e curioso para estrelar uma comedia. Quando vê
Mazzaropi na televisão, não tem duvida e contrata-o para atuar em Sai da frente
(52). O sucesso popular é tanto que Mazzaropi acaba se dedicando praticamente
ao cinema. Participa de 8 filmes como ator contratado e, em 1958, funda a PAM
Filmes – Produções Amacio Mazzaropi. A partir daí, passa a produzir e
dirigir seus filmes, sendo sua primeira produção o Chofer de Praça,
em que ele emprega todas as suas economias.
Com o filme
pronto, falta dinheiro para fazer as copias. Pega seu carro e sai pelo interior
a fora fazendo shows até conseguir arrecadar a quantia necessária.
O filme estréia e faz muito sucesso. O pano de fundo é
sempre uma fazenda, primeiro emprestada e depois a sua própria, chamada Fazenda
da Santa, onde monta seus estúdios. Ali atravessa sua mais fértil fase e
produz seus melhores filmes como Tristeza do Jeca (61) e Meu
Japão Brasileiro (64).
Com o tipo
“Jeca”, o caipira de fala arrastada, tímido, mas cheio de malicia, arrasta
multidões aos cinemas, lança um filme por ano e sempre em 25 de janeiro, aniversario de São Paulo, e
no Cine Art-Palácio, que ele adota para lançamento das películas, pois o dono
do cinema foi o que mais lhe apoiara no inicio da carreira de produtor. Fica
milionário e paralelamente produz leite também, sendo um dos maiores
fornecedores da empresa Leites Paulista.
No inicio de 70
constrói novos estúdios e um hotel, também em Taubaté, artista nato e
empresário com muito tino comercial, é também desconfiado e solitário, nunca se
casa, mas tem um filho adotivo, Péricles, que o ajuda na produção dos filmes.
Morre em 13 de
junho de 1981, aos 69 anos de idade, vitima de câncer na medula, logo após
iniciar sua 32ª produção, Jeca e a Maria Tromba Homem. O império
que constrói é dilacerado pelos herdeiros após sua morte, com todos os seus
bens indo a leilão, inclusive os filmes, o hotel-fazenda onde esta seu estúdio
continua existindo, agora com o nome de Mantenedor
do Museu Mazzaropi com um acervo de mais de 6.000 peças. Mazzaropi é sem
duvida o maior comediante do cinema brasileiro. Seu nome é sinônimo de sucesso
e respeitado por todos, inclusive os críticos, que não gostam de seus filmes,
mas se rendem ao seu talento. Construiu um estilo que será sempre imitado, mas
jamais superado.
Como disse
Paulo Emilio Salles Gomes, “o melhor dos filmes de Mazzaropi é ele mesmo’.
Fonte: “Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro”, de
Antonio Leão da Silva Neto.
1952, Sai da Frente,
ator – PB
1952, Nadando em
Dinheiro, ator – PB
1953, Candinho,
ator – PB
1965, A Carrocinha,
ator – PB
1956, O Gato de
Madame, ator – PB
1956, Fuzileiro do
Amor, ator – PB
1957, O Noivo da
Girafa, ator – PB
1958, Chico Fumaça,
ator – PB
1958, Chofer de
Praça, ator, produtor, roteirista e argumentista – PB
1959, Jeca Tatu,
ator, produtor, roteirista e argumentista – PB
1960, As Aventuras
de Pedro Malasartes, diretor, produtor e ator – PB
1960, Zé do
Periquito, diretor, argumentista, ator e produtor – PB
1961, Tristeza do
Jeca, diretor, argumentista, ator e produtor – PB
1962, O Vendedor de
Lingüiça, argumentista, ator e produtor – PB
1963, Casinha
Pequenina, argumentista, ator e produtor – PB
1964, O Lamparina,
ator e produtor – PB
1964, Meu Japão
Brasileiro, produtor, roteirista e ator – Cor
1965, O Puritano da
Rua Augusta, produtor, argumentista, diretor e ator – Cor
1966, O Corinthiano,
produtor, argumentista e ator – Cor
1967, O Jeca e a
Freira, produtor, roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
1968, No Paraíso das
Solteironas, produtor, roteirista, diretor e ator – Cor
1969, Uma Pistola
Para Djeca, produtor, roteirista, argumentista e ator – Cor
1970, Betão Ronca
Ferro, produtor, argumentista e ator – Cor
1972, O Grande
Xerife, produtor, argumentista e ator – Cor
1973, Um Caipira em
Bariloche, produtor, argumentista, diretor e ator – Cor
1973, Portugal Minha
Saudade, produtor, argumentista e ator – Cor
1974, O Jeca
Macumbeiro, produtor, argumentista, diretor e ator – Cor
1975, Jeca Contra o
Capeta, produtor, argumentista e ator – Cor
1977, Jeca...Um
Fofoqueiro No Céu, produtor, roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
1978, Jeca e o Seu
Filho Preto, produtor, argumentista e ator – Cor
1979, A Banda Das Velhas Virgens, produtor,
roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
1980, O Jeca e a Égua Milagrosa, produtor,
roteirista, argumentista, diretor e ator – Cor
Vive em Ribeirão Preto o Sr, José Veloni, ator que
trabalhou em dez filmes de Mazzaropi.